Sindicato responsabiliza a administração

<i>Charles</i> em atraso

O Sindicato do Comércio efectuou, dia 14, uma acção de alerta para os atrasos no pagamento de salários e remunerações, diante da sapataria Charles, na Rua Augusta, em Lisboa.

É o mesmo administrador que levou ao fim a Metalúrgica Duarte Ferreira

Os cerca de 400 trabalhadores das lojas Charles, espalhadas por todo o continente e nas ilhas, têm recebido os salários em três tranches e ainda não receberam os subsídios de Natal e de férias do ano passado, confirmou ao Avante!, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços, Manuel Feliciano, na acção de sensibilização da população, feita através da distribuição de um comunicado de denúncia.
A empresa tinha três fábricas mas encontra-se, actualmente, reduzida a uma, em Vila Nova de Gaia.
Até ao dia desta iniciativa, os trabalhadores apenas tinham recebido 200 euros do salário de Abril, que ronda os 600 euros por trabalhador.
Com as contas por pagar e o custo de vida a aumentar, «a situação está a ficar insustentável para muitos, na maioria mulheres, e já levou à suspensão de contratos», afirmou o dirigente do CESP/CGTP-IN.
A situação prolonga-se desde 2005, quando o administrador Alexandre Vidinha tomou posse da Christian Sapatarias.
Segundo Manuel Feliciano, aquele administrador esteve antes à frente da Metalúrgica Duarte Ferreira, que faliu sem que aos trabalhadores tenham sido atribuídos os créditos a que tinham direito, à semelhança das duas cadeias de supermercados administradas por um outro administrador, que também foi gerir a Charles, no mesmo ano.
«Em vez de passar a pagar os salários e as remunerações atempadamente, a administração tem preferido acusar o sindicato e os delegados sindicais», afirmou o dirigente do CESP.
Segundo os representantes sindicais, a administração enviou três circulares para as lojas
«onde ofende e ameaça os delegados e representantes do CESP, e as trabalhadoras», afirmou o mesmo dirigente sindical. Até esta acção de distribuição de um comunicado à população, onde se apelava à solidariedade com as trabalhadoras foi perturbada por uma gerente de loja que tentou fazer passar a mensagem contida nas circulares através de um comunicado da administração que responsabilizava o sindicato.
Entretanto, ao IAPMEI foi solicitado apoio, mas o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Indústrias recusou-se a tomar medidas de apoio, porque a empresa também deve verbas ao fisco e à Segurança Social.
Por seu lado, a Autoridade para as Condições de Trabalho deu um prazo à administração para que a situação fosse regularizada até 5 de Maio, mas nada aconteceu e os representantes sindicais decidiram, então, avançar com esta acção.

Administração responsabilizada

«Há três anos, a Charles garantia emprego a 1200 funcionários e tinha três fábricas», mas «agora, só resta uma e está reduzida a um quadro de 400 funcionários», recordou Manuel Feliciano. Desde 2005, a redução do quadro de trabalhadores efectivos tem sido a prioridade da gestão, afirmou.
No fim do ano passado, «a administração cortou o diálogo com os representantes dos trabalhadores, depois de se ter comprometido, num acordo conseguido com a mediação do Ministério do Trabalho, a pagar os salários e os subsídios durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março, mas chegámos a Abril e tudo continuou na mesma», recordou o dirigente sindical.
Desde que chegou à Charles, «esta administração só tem delapidado a empresa, encerrado lojas e vendido imóveis de valor, localizados na baixa de Lisboa», acrescentou, salientando que na Madeira, os trabalhadores estão a ponderar avançar com um pré-aviso de greve.


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